Por que o grupo Village People tocará Y.M.C.A. no sorteio da Copa do Mundo?

David Suggs

Vinícius Perazzini

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A Copa do Mundo de 2026 ainda está a meses de começar, mas já movimenta os bastidores do futebol internacional. Com 48 seleções pela primeira vez na história, o torneio promete um espetáculo ampliado – e a abertura simbólica ocorre nesta sexta-feira (05/12), com o sorteio dos grupos em Washington, nos Estados Unidos.

Além das expectativas esportivas, a cerimônia ganhou atenção por um detalhe inusitado: a presença da banda Village People, conhecida mundialmente pelo hit "Y.M.C.A.", música que também se tornou marca registrada das aparições públicas do presidente norte-americano Donald Trump.

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O papel de Y.M.C.A. Na trajetória recente de Trump

Desde 2020, Trump tem usado Y.M.C.A. Como trilha de seus eventos políticos. O refrão – "It’s fun to stay at the YMCA" – se tornou onipresente em comícios e discursos do republicano, hoje com 78 anos. A escolha chama atenção pela origem do hit: lançado em 1978, o single nasceu como celebração da Associação Cristã de Moços (YMCA) e, ao longo dos anos, se consolidou como um ícone da cultura gay, especialmente em centros urbanos como Nova York e San Francisco.

A banda Village People, formada em grande parte por artistas ligados à cena LGBT da época, transformou o tema em um hino de liberdade e representatividade. O próprio vocalista Victor Willis – heterossexual, mas integrante de um grupo moldado por essa comunidade – precisou explicar inúmeras vezes que a letra não foi escrita especificamente sobre encontros gays, embora reconheça o simbolismo que a música ganhou.

Mesmo assim, Trump abraçou o hit. Em 2022, chegou a afirmar: "Y.M.C.A. Faz as pessoas se levantarem e se mexerem". O público conservador que o acompanha adotou a música como parte do espetáculo político, muitas vezes acompanhando Trump em coreografias improvisadas viralizadas na internet.

Uso de músicas e polêmicas envolvendo artistas

O uso de trilhas sonoras em eventos da campanha de Trump não é novidade – e tampouco é isento de controvérsia. Bruce Springsteen, John Fogerty e os herdeiros de Tom Petty já solicitaram ao presidente que parasse de utilizar suas canções em comícios.

No caso do Village People, Willis inicialmente criticou Trump em 2020, mas depois recuou, afirmando estar satisfeito com a popularidade renovada da música.

Village People no sorteio da Copa do Mundo de 2026

A apresentação do Village People no sorteio da Copa 2026 reacendeu debates sobre a ligação da banda com Trump. A cerimônia acontece no Kennedy Center, em Washington, e há expectativa de que o ex-presidente participe. Trump mantém relação próxima com o presidente da FIFA, Gianni Infantino, que inclusive já sugeriu que o republicano poderia ser agraciado com o recém-criado Prêmio da Paz da entidade – gesto voltado a "indivíduos que tenham tomado ações excepcionais pela paz".

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Com o aumento de seleções e um calendário que se estende por três países – Estados Unidos, México e Canadá –, a Copa de 2026 já seria um evento histórico. Mas, ao que tudo indica, o clima ao redor do sorteio também deve roubar parte dos holofotes, impulsionado por música, política e a inesperada conexão entre Donald Trump e um dos maiores clássicos da cultura pop dos anos 1970.

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