Adversário do Flamengo nesta quarta-feira (10/12), na Copa Intercontinental, o Cruz Azul é um dos principais clubes do futebol mexicano. Fundado em 22 de maio de 1927, inicialmente como um projeto social e recreativo para trabalhadores da fábrica de cimento Cruz Azul, o clube cresceu para se tornar referência nacional e internacional, acumulando títulos e torcedores apaixonados.
Atualmente, o clube tem sede na Cidade do México e possui a terceira maior torcida do México, com 26,2 milhões de torcedores (16,4% da população do país). Apenas América-MEX (2º - 30,4 milhões) e Chivas Guadalajara (1º - 31 milhões) estão na frente.
O Cruz Azul é o maior campeão da Copa dos Campeões da CONCACAF, com sete títulos, ao lado do América-MEX, além de atual vencedor da competição. Abaixo, o AllSportsPeople conta mais sobre o clube – que já foi até vice-campeão da Copa Libertadores, em 2001.
Cruz Azul: história do clube
Começo como amador
O Club Deportivo Social y Cultural Cruz Azul nasceu na pequena cidade de Jasso, no estado de Hidalgo, fruto da iniciativa dos funcionários da então Compañía Cementos Cruz Azul. Durante mais de três décadas, a equipe atuou apenas em jogos amadores, enfrentando times reservas de clubes da primeira divisão.
A virada decisiva ocorreu no início dos anos 1960. Após a empresa tornar-se uma cooperativa, seus trabalhadores decidiram filiar o clube à segunda divisão mexicana, em 1960. Sob o comando do técnico húngaro Jorge Marik, o time conseguiu o acesso ao primeiro escalão em 1964, dando início à construção de uma era vitoriosa.
A ascensão e a era da Máquina Celeste
O primeiro grande marco ocorreu em 1968/69, quando, dirigido por Raúl Cárdenas, o Cruz Azul conquistou seu primeiro Campeonato Mexicano e também a Copa dos Campeões da CONCACAF, um feito que surpreendeu o país e consolidou o clube como força emergente.
A década de 1970 marcou o período mais glorioso da história celeste. Com um elenco que unia talentos mexicanos como Javier Guzmán e Ignacio Flores a estrangeiros de alto impacto, entre eles o lendário goleiro argentino Miguel Marín, o chileno Alberto Quintano e o paraguaio Eladio Vera, o Cruz Azul dominou o cenário nacional. O apelido La Máquina Celeste nasceu justamente dessa equipe avassaladora, que somou seis títulos mexicanos e mais duas conquistas continentais, transformando o clube em um dos gigantes do país.
Nessa época, a mudança da antiga sede em Jasso para a Cidade do México, com mando no Estádio Azteca, ampliou a projeção nacional da equipe e atraiu uma nova massa de torcedores.
Dificuldades, reestruturação e novos títulos
O brilho dos anos 1970 contrastou com a década de 1980 e parte dos anos 1990. Nesse período, o Cruz Azul acumulou campanhas irregulares e perdeu quatro finais da liga mexicana, vivendo um de seus intervalos mais longos sem títulos expressivos.
O jejum terminou em 1996, com a conquista de mais uma Copa dos Campeões da CONCACAF. No ano seguinte, já mandando suas partidas no Estádio Azul, o clube voltou a ser campeão nacional, levantando seu oitavo troféu da liga.
Libertadores histórica e o estigma dos vices
O início dos anos 2000 trouxe um feito inédito: o Cruz Azul se tornou o primeiro time mexicano a disputar uma final da Copa Libertadores da América, em 2001, terminando como vice para o Boca Juniors, em uma campanha memorável.
Apesar do protagonismo, o clube conviveu com a fama de "bater na trave", acumulando vice-campeonatos na liga local (2008, 2009, 2013, 2018) e também na CONCACAF (2008–09 e 2009–10). Ainda assim, em 2014, voltou a conquistar o título continental.
Reestruturação e retomada das glórias
Sob comando do português Pedro Caixinha, o Cruz Azul voltou a levantar troféus nacionais: conquistou a Copa do México em 2018 e a Leagues Cup em 2019, torneio que reúne clubes da MLS e da Liga MX.
Já em 2021, quando o clube que convivia com o rótulo de "amaldiçoado", finalmente colocou fim ao jejum de 23 anos sem título da liga. Dirigida por Juan Reynoso, a equipe fez campanha dominante na fase regular e, após superar Toluca, Pachuca e Santos Laguna no mata-mata, ergueu o tão aguardado troféu do Clausura, encerrando a chamada "Maldición celeste".
Fase atual do Cruz Azul
O Cruz Azul viveu um período de grande instabilidade entre 2022 e 2023, marcado por uma profunda renovação do elenco, mudanças constantes na direção esportiva e sucessivas trocas de treinadores. A equipe alternou bons momentos – como a conquista da Supercopa da Liga MX e campanhas competitivas em alguns torneios – com crises técnicas, eliminações precoces e a saída de peças importantes, como Santiago Giménez. Mesmo com breves recuperações sob técnicos interinos, o clube não conseguiu manter regularidade e acumulou participações irregulares tanto na Liga MX quanto na Leagues Cup.
A virada começou em 2024, com a chegada do técnico argentino Martín Anselmi, que reorganizou o time, devolveu competitividade e levou o Cruz Azul a um vice-campeonato no Clausura e à melhor campanha do Apertura, embora ambas as trajetórias tenham terminado com eliminações para o rival América. Após sua saída conturbada, o clube iniciou novo processo de reconstrução. Agora, em 2025, com Vicente Sánchez, o clube conquistou a Copa dos Campeões da CONCACAF pela sétima vez, mas o técnico acabou saindo por conflitos com a diretoria. Por fim, no último domingo (07/12), o clube foi eliminado na semifinal do Apertura, com Nicolas Larcamon.
Concluye nuestra participación en este torneo Apertura 2025. Nos duele quedar cortos en el objetivo, pero ahora corresponde enfrentar la Copa Intercontinental con toda la seriedad y la ilusión.
— CRUZ AZUL (@CruzAzul) December 7, 2025
Muchas gracias, Azules, por todo el apoyo. En su momento haremos público nuestro… pic.twitter.com/Kp0VAY9w2m
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Cruz Azul: títulos do clube
Títulos internacionais
- Copa dos Campeões da CONCACAF (7): 1969, 1970, 1971, 1996, 1997, 2013–14, 2025
- Leagues Cup (1): 2019
Títulos nacionais
- Campeonato Mexicano (9): 1968–69, 1970–M, 1971–72, 1972–73, 1973–74, 1978–79, 1979–80, 1997, 2021–C
- Copa do México (4): 1968, 1996, 2013, 2018
- Campeón de Campeones (4): 1968, 1972, 2021, 2022
- Supercopa do México (2): 2018–19, 2021–22
- Copa Pachuca (5): 1997, 1998, 2002, 2006, 2007
- Segunda Divisão Mexicana (1): 1963
Cruz Azul: estádios do clube
Estádio 10 de Diciembre (1964–1971)
O Estádio 10 de Diciembre, localizado na Ciudad Cooperativa Cruz Azul, em Hidalgo, foi construído em 1964 e serviu como a primeira casa do Cruz Azul na Primeira Divisão. Com capacidade para cerca de 17 mil torcedores, o estádio recebeu momentos decisivos da ascensão do clube, incluindo os títulos nacionais de 1968–69 e México 1970. Foi ali que a equipe consolidou suas bases profissionais após deixar o futebol regional e se inserir definitivamente no cenário de elite.
Mesmo após a mudança para a Cidade do México em 1971, o Cruz Azul continuou utilizando o estádio como sede alternativa. O local recebeu partidas de Copa México, jogos da Concacaf e alguns confrontos extraordinários de liga quando o clube enfrentava vetos, conflitos de calendário ou eventos paralelos. Durante os torneios Prode 1985 e México 1986, o time chegou a dividir seus jogos entre o 10 de Diciembre e o Estádio Corregidora, preservando o vínculo histórico com sua origem cooperativista.
Estádio Azteca (1971–1996 e 2018–2023)
O Estádio Azteca é o palco onde o Cruz Azul viveu alguns dos capítulos mais emblemáticos de sua história. A mudança para o gigante da Cidade do México em 1971 fez parte de um plano institucional para ampliar a projeção do clube, e já antes disso a equipe havia celebrado conquistas importantes no local atuando em campo neutro, como a Copa México de 1968–69 e a Copa dos Campeões da Concacaf de 1969. Sua estreia oficial como mandante aconteceu em novembro de 1971, e a partir daí o estádio se tornou sinônimo do auge esportivo celeste.
Durante sua primeira etapa no Azteca, o Cruz Azul venceu cinco ligas, além de títulos de Copa México, Campeón de Campeones e Concacaf. Após deixar o estádio em 1996 para se instalar no renomeado Estadio Azul, o clube ainda retornaria ao Azteca para jogos importantes, como na Libertadores de 2001 e 2003. A segunda passagem, entre 2018 e 2023, incluiu o momento simbólico em que o time encerrou sua seca de títulos: no Azteca, em 30 de maio de 2021, o clube conquistou seu nono campeonato mexicano ao vencer o Santos Laguna.
Estádio Ciudad de los Deportes / Estádio Azul (1996–2018 e 2024)
O Estádio Ciudad de los Deportes, popularmente conhecido como Estádio Azul, está localizado na Colonia Nápoles e foi inaugurado em 1946 como parte do projeto urbanístico da Cidade dos Deportes. Com capacidade para cerca de 36 mil pessoas, o estádio passou por diferentes nomes ao longo das décadas, acompanhando seus clubes residentes. Em 1996, tornou-se a casa do Cruz Azul, que ali permaneceu até 2018, sempre mantendo campanhas competitivas, embora sem conquistar títulos como mandante no local.
Apesar de não ter vencido finais dentro do estádio, o Cruz Azul levantou diversos troféus em outros recintos ao longo desse período, incluindo competições nacionais e internacionais. A saída em 2018 ocorreu pelo fim do contrato de uso e pelo anúncio de possível demolição do estádio. No entanto, com as obras no Estádio Azteca para a Copa do Mundo de 2026, o clube retornou provisoriamente ao Azul em 2024. Problemas estruturais e a posterior interdição do recinto levaram ao fim definitivo da segunda era celeste no estádio em janeiro de 2025.
Estádio Olímpico Universitário (2025–atualmente)
O Estádio Olímpico Universitário, pertencente à Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), é um dos recintos esportivos mais tradicionais do México. Inaugurado em 1952 e com capacidade para 72 mil espectadores, o estádio foi palco das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de 1968, além de diversas competições esportivas importantes ao longo das décadas. Sua arquitetura monumental o coloca entre os estádios mais icônicos do país.
Em janeiro de 2025, o Cruz Azul anunciou o Estádio Olímpico Universitário como sua nova casa para o Clausura 2025, marcando o início de um novo ciclo. O estádio oferece maior capacidade, melhor estrutura e presença histórica na Cidade do México, tornando-se o novo lar da equipe enquanto o clube avalia projetos futuros para a construção de um estádio próprio.
Cruz Azul: posição no Campeonato Mexicano
O Cruz Azul encerrou sua participação no Torneio Apertura do Campeonato Mexicano 2025/26 no último domingo (07/12), eliminado na semifinal após empate por 1 a 1 contra o Tigres. Quatro dias antes, a equipe já tinha ficado em outro 1 a 1 com o Tigres. No fim, o Cruz Azul foi eliminado por ter campanha pior do que o adversário na primeira fase.
Na fase inicial, com 17 jogos, o Cruz Azul ficou em terceiro lugar, com 35 pontos. Nas quartas de final, a equipe eliminou o Chivas Guadalajara após 0 a 0 fora e vitória por 3 a 2 em casa.
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