Um dia após o ge ter divulgado áudios expondo um suposto esquema envolvendo diretores e um camarote do Morumbis, o presidente do São Paulo, Julio Casares, utilizou suas redes sociais para se pronunciar sobre o caso.
Segundo reportagem do ge, Douglas Schwartzmann, diretor adjunto da base do São Paulo, e Mara Casares, diretora feminina, cultural e de eventos, e ex-esposa do atual presidente, Julio Casares, venderam ingressos de forma irregular para um camarote cedido por Marcio Carlomagno, atual CEO e provável candidato à presidência na eleição de 2026.
— Tomei conhecimento da lamentável conversa telefônica em áudio gravada e divulgada pela imprensa nesta segunda-feira, um dia muito triste para a instituição. Só venho me manifestar agora, um dia inteiro após os fatos virem à luz, porque a prioridade é a de que tudo seja esclarecido e, se assim for necessário, as devidas medidas sejam tomadas — iniciou.
— Casos como este não podem passar sem serem devidamente esclarecidos, e isso será feito por meio da sindicância que foi instaurada imediatamente após a revelação do episódio. Este trabalho está sendo feito em duas frentes: a primeira e mais importante é a auditoria externa, para que não haja nenhuma possibilidade de interferência política ou de influência de poder. Todos serão ouvidos e um relatório final dará ao Clube suas considerações e orientações de eventuais próximos passos. Em paralelo, a sindicância interna será tocada pelo departamento de compliance — explicou.
— Não defendo e nem pratico prejulgamento e condenação prévia. Acredito no amplo direito à defesa. Mas ressalto que, seja qual for o resultado da sindicância, vamos agir com rigor com quem quer que eventualmente seja apontado com conduta inadequada no Clube. Não há e nem haverá favorecimento por proximidade, amizade, parentesco, função ou alinhamento político. Não podemos conviver com malfeitos de nenhuma natureza. Nenhuma pessoa é e nunca será maior que o
São Paulo Futebol Clube — concluiu Casares.
Após a divulgação do ocorrido, um grupo chamado Salve o Tricolor Paulista (STP) se movimentou para articular a destituição de Casares.
Para que isso aconteça é preciso a aprovação de 171 dos 255 conselheiros.
MAIS: Corrupção no São Paulo: Mara Casares responde sobre “esquema” em camarote do Morumbis
📲Julio Casares, via Instagram pic.twitter.com/8yN5jYr3V5
— Gabriel Sá (@OGabrielSa) December 16, 2025
Entenda a denúncia envolvendo o São Paulo
Segundo um processo que corre na 3ª Vara Cível do Foro Regional IX - Vila Prudente, o fato teria acontecido em fevereiro deste ano, para o show da cantora Shakira, que aconteceu no Morumbis, e o camarote em questão é o “3A”, que fica ao lado do camarote da presidência no estádio.
Na ação judicial, Schwartzmann e Mara teriam repassado o direito do uso do camarote para uma intermediária, Rita de Cássia Adriana Prado. Rita teria faturado R$ 130 mil vendendo ingressos para o espetáculo, com cada bilhete saindo por R$ 2 mil.
O esquema, no entanto, teria azedado depois de Rita ter processado Carolina Lima Casemiro, que está sendo acusada de ter pegado um envelope com 60 ingressos para o show sem autorização. A intermediária acusa Carolina de “só” ter pagado R$ 100 mil dos ingressos vendidos por R$ 132 mil.
Nos áudios divulgados pelo ge, Schwartzmann e Mara pressionam Rita para que ela retire a ação contra Carolina, sob risco de expor o “esquema” entre os diretores.
— Você nunca sobe que aquilo era feito de forma clandestina? A palavra é essa. Ou você não sabia? Você sabia ou não? —, questiona Douglas.
— Nós três sabemos como foi feito. Você não é boba, nem eu nem ninguém. Isso foi feito de forma indevida. De forma não normal. Não é normal. Foi feito um favor. E você está gastando um favor, queimando as pessoas que te ajudaram — seguiu.
— O erro seu lá atrás deu um prejuízo, acabou. Não tem recuperação, querida. Não tem. Todo mundo perdeu ali. Agora, você quer prejudicar a Mara (Casares) e o Marcio (Carlomagno)? É isso? — acrescentou.
— E vou repetir uma coisa. Você (Rita) é uma pessoa que a Mara confiou. Eu só entrei nisso porque a Mara me garantiu que você era de total confiança. Desde o primeiro dia que eu te falava isso. Não podemos fazer coisa errada aqui. Então, teve negócio que você ganhou dinheiro, eu ganhei, todo mundo ganhou. Mas foi feito tudo na confiança — prosseguiu.
Em diversos momentos, Douglas chama a atenção de Rita sobre o risco de expor um negócio clandestino.
— Seu advogado sabe que é tudo clandestino? Quer que eu explique para ele como você obteve esse negócio? Você quer que ligue para o seu advogado e explique que você não tinha direito de comercializar aquilo? Porque você sabe que não tinha. Eu, você e a Mara sabemos — afirmou.
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