Arturo Gatti Jr: causa da morte e o que aconteceu

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Reprodução/@supremeboxing/Instagram

[AVISO: o conteúdo a seguir trata de temas como depressão e suicídio, podendo ser sensível ou desencadear emoções em algumas pessoas. Se você estiver enfrentando depressão ou pensamentos suicidas, busque ajuda imediatamente entrando em contato com o Centro Voluntário à Vida pelo telefone 188.]

Arturo Gatti Jr, filho do lendário boxeador ítalo-canadense Arturo Gatti (1972–2009), foi encontrado morto aos 17 anos em um apartamento no México, onde vivia com a mãe, a brasileira Amanda Rodrigues. A notícia foi confirmada por amigos e familiares.

De acordo com a emissora canadense TVA Nouvelles, o corpo do jovem foi descoberto por um vizinho. Também segundo informações iniciais da rede de notícias, o adolescente teria cometido suicídio por enforcamento.

Arturo Gatti Jr seguia os passos do pai no boxe e deixa uma filha, Sophia.

O ator e dublê Chuck Zito, amigo próximo da família, prestou homenagem nas redes sociais:

– É com o coração pesado que anuncio: descanse em paz, Arturo Gatti Jr, de 17 anos. Ele foi encontrado em um apartamento no México, da mesma maneira que o pai foi encontrado morto no Brasil há 16 anos. Meus sentimentos à mãe, irmãos, irmãs e à filha de Arturo, Sophia.

O caso reacende lembranças da morte do pai, Arturo Gatti, que foi encontrado sem vida em 2009, em um flat em Porto de Galinhas (PE), quando o filho ainda era um bebê de 10 meses.

Quem foi Arturo Gatti

Nascido em 15 de abril de 1972, em Cassino, na Itália, e criado em Montreal, no Canadá, Arturo Gatti se tornou um dos boxeadores mais admirados de sua geração. Conhecido pelo estilo aguerrido e pela capacidade de suportar lutas intensas, ele conquistou o título mundial dos superpenas pela IBF em 1995 e, mais tarde, o dos meio-médios-ligeiros pelo WBC.

Suas batalhas contra Micky Ward e Ivan Robinson entraram para a história do esporte, sendo consideradas verdadeiros clássicos do boxe. Gatti se aposentou em 2007 e morreu em 2009, aos 37 anos, em um flat na Praia de Porto de Galinhas, Litoral Sul de Pernambuco.

Gatti foi introduzido no Hall da Fama do Boxe Internacional em 2013.

Arturo Gatti: história da morte

O corpo de Arturo Gatti foi encontrado caído no meio da sala, vestindo apenas uma cueca. Ao lado dele, havia uma alça de bolsa manchada de sangue. Peritos constataram duas lesões no corpo do ex-pugilista: uma no pescoço e outra na parte de trás da cabeça.

Assim começava uma das investigações mais marcantes da história policial de Pernambuco, que ganhou destaque no Brasil e no exterior. O caso envolveu suspeitas, disputas por herança, reviravoltas e o trabalho de peritos particulares contratados pela família do atleta.

Na manhã de 11 de julho de 2009, a força-tarefa sul do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), comandada pelo delegado Josedite Ferreira, foi chamada às pressas para Porto de Galinhas. O corpo do ex-boxeador canadense havia sido encontrado em um flat. A esposa dele, Amanda Rodrigues, contou à polícia que foi a primeira a encontrar o marido e alegou estar em choque, acreditando que ele havia se suicidado.

Diante do cenário, o delegado solicitou que Amanda fosse levada ao DHPP para prestar depoimento, já que ela era a única adulta presente no local, além do filho do casal, de apenas um ano. Experiente, Josedite suspeitava que Amanda tivesse assassinado o marido por enforcamento enquanto ele dormia. Ela negou a acusação e afirmou que o casal havia discutido na noite anterior por causa de ciúmes, mas que depois ambos dormiram. Ao acordar, teria se deparado com o corpo e acionado a polícia.

Mesmo assim, Amanda foi presa em flagrante e autuada por homicídio. Segundo o delegado, havia contradições em seu relato. À época, ele descartou a hipótese de outra pessoa ter entrado no quarto, afirmando que isso seria “humanamente impossível”, já que o acesso era controlado por cartão magnético.

Amanda permaneceu presa por 19 dias, até ser libertada por decisão judicial após uma reviravolta nas investigações. Laudos do Instituto de Medicina Legal e do Instituto de Criminalística concluíram que Gatti havia cometido suicídio. O delegado Paulo Alberes, que assumiu o caso, seguiu a conclusão dos peritos e encerrou o inquérito, inocentando Amanda.

No entanto, a família do boxeador não aceitou o resultado. Eles acreditavam que Amanda havia matado Gatti para ficar com a herança – especialmente porque o testamento havia sido alterado um mês antes da morte, beneficiando ela e os filhos. Mesmo assim, o Ministério Público de Pernambuco concordou com a versão do suicídio e pediu o arquivamento do caso.

Em 2011, o episódio voltou aos holofotes quando peritos estrangeiros contratados pela família de Gatti contestaram os laudos brasileiros. Eles alegaram que, embora a morte tenha ocorrido por asfixia, o tipo de enforcamento apontava para um ato homicida, e não suicida. A divergência fez o Ministério Público reabrir o caso em 2012.

A promotora Paula Catherine Ismail anunciou novas perícias e diligências, colocando novamente Amanda na condição de suspeita. Nesse período, a Justiça de Quebec, no Canadá, reconheceu o direito dela e do filho a uma herança de US$ 3,4 milhões (cerca de R$ 6,1 milhões).

Após novas análises, as perícias confirmaram novamente a tese de suicídio. Em 2016, a promotora afirmou que não havia qualquer indício de homicídio e que o caso estava definitivamente encerrado. “Para mim, não há dúvidas de que ele tirou a própria vida. A Justiça acatou a recomendação do Ministério Público e o processo foi arquivado”, declarou à época.

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