Leila Pereira, presidente do Palmeiras, criticou o Flamengo após a decisão do clube carioca de acionar a Justiça para bloquear o repasse de R$ 77 milhões destinados aos integrantes da Libra (Liga do Futebol Brasileiro).
Em entrevista ao programa Esporte Record, cuja íntegra vai ao ar no domingo (05/10), a dirigente sugeriu que os demais clubes poderiam criar uma nova liga sem a participação do Flamengo. Um trecho da conversa foi divulgado pelo portal R7 nas redes sociais.
Segundo Leila, nenhum time é maior que o futebol nacional e, por isso, não faz sentido o Flamengo agir de forma isolada. A presidente do Palmeiras ironizou:
– Seria interessante montarmos outra liga sem o Flamengo, e aí ele poderia jogar sozinho. Quero ver qual seria a audiência. É muito difícil lidar com dirigentes que pensam dessa maneira, isso não contribui em nada para o crescimento do futebol brasileiro.
Durante entrevista exclusiva para o Esporte Record, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, falou sobre a atitude do Flamengo de bloquear o pagamento de R$ 77 milhões referentes a uma parcela do contrato da Libra (Liga do Futebol Brasileiro).
— R7 Esportes (@r7esportes) September 30, 2025
"Acho que seria bonito nós… pic.twitter.com/dXMP4TYB1Q
Caso Libra: a ação do Flamengo
Após uma ação movida pelo Flamengo, o Tribunal de Justiça do Rio determinou o bloqueio de parte da verba referente ao contrato de transmissão do Brasileirão firmado pela Libra, atingindo nove clubes. A decisão desencadeou uma troca de acusações entre o time carioca, de um lado, e a própria Libra, São Paulo e Palmeiras, de outro.
A polêmica gira em torno do acordo anual de R$ 1,17 bilhão referente aos direitos de TV aberta e fechada. Fazem parte da Libra, entre os clubes da Série A, Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Atlético-MG, Santos, Red Bull Bragantino, Bahia e Vitória — este último já anunciou que deixará o bloco futuramente.
Caso Libra: origem do conflito
Com a chegada de Luiz Eduardo Baptista à presidência do Flamengo, a diretoria avaliou que os critérios de divisão da verba de TV prejudicam financeiramente o clube. Palmeiras e São Paulo lideraram a resistência contra mudanças nas regras.
O Flamengo afirma que sua receita com TV caiu de R$ 300 milhões, em 2024, para cerca de R$ 200 milhões neste ano, uma perda de aproximadamente R$ 100 milhões. Embora reconheça que não há como reaver o valor perdido, o clube tenta reduzir a queda e propôs um novo modelo de divisão.
O impasse está nos 30% do contrato (cerca de R$ 309 milhões) destinados à audiência, já que os outros 70% (40% iguais e 30% por posição na tabela) não são alvo da briga.
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Caso Libra: como foram negociações
Durante oito meses, Flamengo e os demais clubes travaram conversas tensas, com direito a acusações mútuas de intransigência. A Libra sustenta que o ex-presidente Rodolfo Landim havia assinado estatuto que previa o modelo atual, no qual a audiência de cada jogo é dividida igualmente entre os dois clubes participantes.
A gestão de Bap, porém, nega que haja documento confirmando essa adesão e argumenta que o Flamengo é prejudicado, pois tem menos partidas transmitidas em TV aberta – a Globo prioriza exibi-lo no pay-per-view. O clube também sugeriu que o número de assinantes do PPV fosse considerado na conta de audiência.
A proposta rubro-negra de “meio-termo”, conhecida como cenário 4, daria um acréscimo de R$ 20 a 30 milhões ao clube, deixando sua receita em torno de R$ 220 a 230 milhões – patamar próximo ao Corinthians na Liga Forte União. Palmeiras e São Paulo também teriam ganhos, mas bem menores, entre R$ 5 e 10 milhões.
Caso Libra: assembleias e votações
Diante do impasse, a Libra convocou assembleias em maio e agosto de 2025. Os clubes, por maioria, aprovaram o modelo que divide 50% para cada time por jogo, chamado cenário 1. Flamengo e Volta Redonda votaram contra.
Com esse critério, o Flamengo deve receber cerca de R$ 70 milhões por audiência, apesar de alegar que detém 47% da torcida dentro da Libra. São Paulo fica com R$ 53,6 milhões, Palmeiras com R$ 49,2 milhões, Santos com R$ 38 milhões e Atlético-MG com R$ 30,8 milhões.
Caso Libra: ida para Justiça
Sem acordo, o Flamengo foi à Justiça pedindo o bloqueio dos valores de audiência, inclusive da sua própria fatia. O Tribunal de Justiça do Rio, em segunda instância, concedeu liminar suspendendo o pagamento de R$ 77 milhões – referentes à segunda parcela desse rateio. No total, R$ 230 milhões podem ser retidos até o fim da temporada.
A Libra anunciou que vai recorrer, defendendo a legalidade das assembleias, enquanto o mérito ainda será julgado por uma câmara arbitral.
Caso Libra: troca de notas oficiais
Em comunicado, a Libra acusou o Flamengo de romper com um acordo firmado pela gestão anterior e de colocar os demais clubes em risco financeiro ao bloquear verbas usadas para custeio de salários e despesas correntes.
O Flamengo respondeu dizendo que a decisão judicial também o prejudica, mas que não poderia aceitar uma regra “imposta de forma tirânica” pela Libra.
Palmeiras e São Paulo, principais lideranças do bloco, também divulgaram notas criticando a postura rubro-negra. O Palmeiras classificou a ação como “predatória” e acusou o Flamengo de tentar sufocar financeiramente os demais clubes. Grêmio, Bahia, Atlético-MG, Santos e Red Bull Bragantino reforçaram as críticas em comunicados semelhantes.
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